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Nossa História
Durante a metade da década de 80, um grupo de homens e mulheres decididos se dispôs à criação da Associação dos Servidores Administrativos da Universidade Federal de Viçosa. A reunião aconteceu no começo da noite do dia 26 de junho de 1984, na sala 109 do Departamento de Engenharia Florestal. Participaram os seguintes servidores, que assinaram a ata de constituição da associação: Jaime Silva de Oliveira, Ruy São José, Pedro Bernardo Neto, Mauro de Filippo Carneiro, Vivaldo Pena, José Augusto Ferreira, Maria Aparecida Araújo Souza, Carlos Antônio Rocha, Wantuil dos Santos, Gerson Oliveira da Paixão, Alceu Raimundo Campos Nadler, Paulo de Freitas, José Eustáquio de Freitas, Sílvio Fagundo Rocha, Maria Aparecida Cardoso (que lavrou a ata).
Naquele ano, a ditadura militar estava fragilizada e as mobilizações pelas Diretas-Já apareciam no horizonte do Brasil, os ares de democracia e esperança preenchiam o país. A ASAV nascia arejada pelos novos tempos que se viviam. Segundo o primeiro Presidente da Associação, Jaime Silva de Oliveira: “Antes, na década de 60, havia uma associação de servidores, mas, o pessoal tinha muito medo, ganhava alguma coisa em troca de sua atuação e saía fora. Teve um que ganhou uma casa na universidade e acabou com a associação. Aí, sempre lutamos com isso. Todo reitor que entrava sofria alguma pressão, tentava comprar os dirigentes. Quando em 1969, a universidade foi federalizada, ainda não existia a associação. Em 1984, a gente tinha um pessoal aqui que só pensava em mexer com escola de samba. A ASAV surgiu no princípio como se fosse um grêmio recreativo. Me chamaram para ser presidente da Escola de Samba. Disse que não queria ser presidente de escola de samba, que deveríamos nos transformar numa associação de reivindicação de direitos’’.
O momento era de dificuldades de atuação política e sindical, como conta Álvaro Araújo, que participou do primeiro Conselho Deliberativo, os servidores eram incentivados a serem puxa-sacos e subservientes às chefias, segundo ele: ‘’Com a criação da associação, inauguramos uma nova data nesta universidade: antes e depois da ASAV. Foi muito difícil para a gente, na época, fazer essa luta, porque não tínhamos experiência”. Álvaro ressalta que ‘’Graças à experiência de outros companheiros que vieram de fora, como Jurany, João Bosco Miranda, Nelson Ambrozevicius, Saulo, Agnaldo, e muitos outros, nós conseguimos montar uma associação de briga.” Ele lembra que tinham muito poder de fogo e de luta naquela época.
Após a transformação do grêmio recreativo em associação, o samba que começou a ser cantado e dançado foi o das lutas e das reivindicações dos trabalhadores da universidade. “A Asav quando foi criada não tinha bem um cunho de sindicato. Era só uma associação de servidores, recreativa”, testemunha Saulo Penteado, sócio fundador, tendo integrado o primeiro Conselho Deliberativo. “Só que as coisas foram ficando difíceis, e um grupo de companheiros que tinha uma visão sindical resolveu criar a chamada ala sindicalista, que foi ocupando os espaços vagos que surgiam, e, daí então, a Asav passou a ser uma entidade de cunho sindical.”
A diretoria provisória, que esteve à frente da associação por um ano, ficou assim constituída: Jaime Silva de Oliveira (Presidente), Ruy São José (Vice-Presidente), Maria Aparecida Cardoso (Secretária), Pedro Bernardo Neto (Dir. Adm. Financeiro), Mauro de Fellippo Carneiro (Dir. Sócio-Cultural), Silvio Fagundo Rocha (Dir. Relações Públicas) e Wantuil dos Santos (Dir. Esportes). A assembleia geral de implantação definitiva, que colocou a Asav na vida cotidiana dos servidores da universidade, foi realizada no dia 26 de outubro de 1984, no Ginásio Poliesportivo com a presença das principais autoridades da universidade.
No dia seguinte, foi encaminhada ao então reitor Geraldo Martins Chaves a reivindicação da criação da creche, que viria a ser implantada três anos depois, durante a gestão de José Reinaldo de Freitas (Preguinho). Começava a grande história de crescimento e fortalecimento da associação, que sempre atuou como sindicato, como diz Jaime: “sindicato é aquele que tem força, não aquele que tem nome”. Foi período inaugural das reivindicações e conquistas, tanto internas quanto a nível nacional, com a ASAV, em seguida, integrando-se à FASUBRA, possibilitando a participação no Conselho Universitário, direito de representação nas comissões de inquérito que envolvia servidores, a conquista da creche, curso de alfabetização para adultos e servidores analfabetos, dentre outras conquistas que começaram a acontecer após a instauração da associação.
Em 21 de setembro de 1985, foi deflagrada a primeira greve dos servidores administrativos associados à ASAV, com reivindicações que tinham o objetivo de manter o Índice Nacional de Preços ao Consumidor, INPC, integral e a reposição salarial de 38,5% em relação ao valor atual. Com a duração de 13 dias, os grevistas saíram vitoriosos, e o sindicato acumulou mais uma vitória em prol do trabalhador.
Desde então, a ASAV esteve presente e se destacou na atuação na base da Federação. “Nossa relação com a FASUBRA, na época, era tão boa que, nas mesas de conversação e negociação de todas as greves que houve naquele período, de cinco integrantes, nós de Viçosa tínhamos três”, diz Jaime, orgulhoso. “Nós tínhamos um economista muito bom que era o Nelson Ambrozevicius, presidente do Conselho Deliberativo, um diretor de Imprensa que era o Agnaldo Pacheco e eu. Para se ver o nível de força e credibilidade que tínhamos na FASUBRA porque nós éramos a única entidade que não fazia assembleia com menos de mil pessoas em nossa época.”
Os tempos mudaram, a redemocratização do país se consolidou. Os governos seguintes não deram trégua aos trabalhadores. Saulo faz observações precisas sobre a atuação sindical: “Devido a essa sequência de governos retrógrados que sempre quiseram fragilizar os sindicatos, ficou abalada sua potencialidade, mas, está na hora de reverter e voltar a ser o que era, se impor com a categoria forte, se unir e enfrentar as conjunturas que se apresentam”. Saulo lembra o que aconteceu com os grandes sindicatos do país, ferroviários, petroleiros, bancários, que foram detonados pela estrutura neoliberal que está instalada, a globalização, com a automatização, enfim, tudo isso é uma ameaça para os trabalhadores. Para ele, o que deve ser feito é colocar na cabeça dos novos que estão chegando, uma injeção de ânimo, mostrando a eles que vale a pena fazer a luta. “Eles têm que assumir essa luta”, diz.
A ASAV cresceu muito e conseguiu, em setembro de 2014, a carta sindical, consolidando sua existência enquanto entidade representativa. Além das lutas pelas pautas locais e nacionais da categoria, a ASAV participa da defesa administrativa e jurídica de seus sócios, e também atua na área social com atividades culturais e esportivas em seu ginásio poliesportivo, atendendo aos sindicalizados, dependentes e demais membros da comunidade.
Primeira diretoria eleita
No dia 11 de outubro de 1985, após disputa entre duas chapas encabeçadas por Jaime e Magela, tomaram posse os membros da primeira diretoria eleita da ASAV:
Presidente: Jaime da Silva de Oliveira
Vice-Presidente: Nilton Alves Gonzaga
Diretor Administrativo Financeiro: José Deulio Coutinho
Vice-Diretor Administrativo Financeiro: Pedro Bernardo Neto
Secretária: Ana Maria Cani de Almeida
Conselho Fiscal: Pedro Dias de Carvalho (Presidente), Afonso Soares Ferreira, Fernando Diogo, José dos Santos Filho e Jocelino Rodrigues Filho.
Conselho Deliberativo: Adolfo Egídio Reis (Presidente), Álvaro Araújo, Antônio Jésus de Campos Mata, Arthur Ângelo dos Santos, Carlos Gomes da Cunha, Fátima Chagas Pompeu, Jamil Rodrigues Maciel, José Antônio Gouveia, José Lopes Duarte, Lúcia Fernandes Neves, Lúcia Maria da Cunha, Maurício Valentino Cruz, Nelson Ambrozevicius, Rogério Geraldo Alves (Agros) e Saulo Rodrigues Leite Penteado.